Da janela

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A valsa

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Um inventário da minha vida no ballet

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Isadora Sinay
abr 16, 2025
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Eu entrei em uma sala de ballet pela primeira vez aos cinco anos de idade. Foi uma escolha minha, eu vinha esperando - na minha memória há muito tempo, mas é claro que não pode ser - completar a idade mínima para calçar sapatilhas de meia ponta, ter meu cabelo apertado em um coque com redinha e aprender a fazer pliés.

Eu fiz cinco anos no início de setembro de 1993. No fim desse mês, eu estava de collant e meia-calça cor-de-rosas, as duas mãos apoiadas na barra, aprendendo a abrir meus pés em en déhors; a encaixar a pelve e manter os ombros retos para poder me equilibrar nessa posição; que um plié é algo que desce, mas a força é para cima; que para subir na meia ponta, a força é para baixo. O estilo me impeliu, no rascunho desse texto, a dizer que foi nesse momento que eu declarei guerra ao meu corpo, mas não foi. Nesse momento eu ainda não sabia que essas instruções eram contraditórias, que o que eu estava tentando conquistar naquela sala era algo impossível.

Mas eu aprendi. Enquanto minhas colegas saíam e eu ficava, enquanto meu collant de baby-class era substituído por um uniforme de verdade (preto, lógico), eu aprendi a fazer meus próprios coques, a aplicar maquiagem de palco (o delineador, o batom vermelho que eu uso até hoje) e que um corpo não é algo feito para o ballet. Não meu corpo, qualquer corpo. Nenhum pé quer passar horas nesse ângulo não natural, nenhum peso foi feito para ser sustentado inteiro sobre a pontinha dos dedos, nenhuma espinha vertebral se curva confortável na amplitude de um cambré. E porque eu entendia que o que me estava sendo pedido era impossível, eu insistia em conseguir.

E foi nesse processo que eu declarei que meu maior inimigo era meu corpo.

I was, at the time, in the middle of a PhD program, another method of training a small muscle to make it bulge in a way I considered beautiful and others thought perverse. Ballet, like opera, is wonderful because it is monstrous, the hyper-development of skills nobody needs, a twisting of human bodies and souls into impossible positions, the purchase of light with blood.

Irina Dumitrescu, Swan, Late.

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