Eu li A Idiota, primeiro romance da Elif Batuman, no início da pandemia e foi uma das poucas coisas estranhamente acolhedoras em uma época muito enlouquecedora. Era março de 2020, eu estava trancada na minha casa com um doutorado que precisava ser escrito, lendo sobre o primeiro ano de faculdade de alguém e essas duas experiências que deveriam ser radicalmente opostas se mostraram muito mais parecidas do que eu esperava.
Para mim, a faculdade foi uma época de abertura. Eu saí do interior, fui morar sozinha e meu mundo, em termos muito objetivos, se expandiu. Por outro lado, essa expansão de mim mesma acontecia em tardes infinitas passadas em um campus pequeno, ou tardes infinitas no mesmo bar, na mesma casa das minhas colegas, no mesmo bairro. A universidade, esse lugar cujo propósito de existência é aumentar o interior de jovens e colocá-los em uma rede intelectual que se estende temporal e geograficamente é, se a gente para pra pensar, uma experiência muito contida.
Eu não acho essas coisas paradoxais: a limitação do ambiente físico cria a segurança necessária para que a gente mergulhe em nós mesmos e a convivência extrema permite que você mergulhe no outro de uma forma que a vida adulta de verdade poucas vezes proporciona. Você fecha o mundo para que todo salto seja amparado.
Eu não tinha pensado em usar essa imagem nesse texto antes (eu não planejo esses textos de diário de leitura em nada), mas agora ela faz todo sentido uma vez que Either/Or está dialogando diretamente com Kierkegaard, o filósofo do salto em si mesmo.