Da janela

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Uma libra de carne

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Um ensaio da insônia recente

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Isadora Sinay
jun 11, 2025
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Uma libra de carne
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“Eu gosto muito de estações” eu digo um dia desses. “Eu não queria que fizesse mais frio em São Paulo, só que o frio fosse mais constante", eu continuo falando da Califórnia, onde não era mais frio, mas eu fiquei feliz quando foi março e eu finalmente pude sair sem meia calça e ir à praia de novo. Ele lembra que nós fomos a São Francisco naquela primavera e o como a cidade parecia viva, as crianças e cachorros no Dolores Park como se não vissem uma grama seca há meses. A gente também não se via há meses.

Tem uma foto dessa viagem que eu gosto muito, em que eu estou distraída olhando pela janela do Vesúvio Café. Eu não sei pra que eu estou olhando, mas eu gosto dessa versão de mim. Meu cabelo mais curto que agora, muito loiro de morar em uma cidade onde só fazia sol e pedalar 30km para o mercado de pulgas nos fins de semana. Eu estou sentada em uma mesa que talvez o Kerouak tenha sentado, ou o Allen Ginsberg e eu pareço serena. Minha vida na Califórnia era pequena, contida, bicicleta pro campus, tardes na biblioteca, aos fins de semana explorar uma cidade imensa, impossível. Yoga na sexta de manhã, então eu parava no café dos canandenses com quem eu tinha feito amizade falando em francês. Um matcha e o croissant de amêndoas que eles começaram a guardar pra mim.

Eu fui feliz em Los Angeles. Poucas vezes minha vida foi tão serena. Poucas vezes eu estive tão estável. E no fim eu sentia que aquilo não era, de forma alguma, uma existência completa.

São Francisco, abril de 2019

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