Todo fim de mês eu mando um inventário de tudo que li, vi e ouvi para os assinantes pagos da newsletter. Porém, dessa vez eu abri uma exceção e decidi enviar essa lisitnha para todo mundo porque eu acho que muita gente não sabe que isso existe e é parte do pacote pago, mas também porque hoje é meu aniversário e eu não tinha disposição de escrever um texto novo, ao mesmo tempo que achei que fazia sentido um o aniversário é meu, mas quem ganha o presente são vocês! Então aproveitem que agosto foi infinito e só por isso eu vi uma quantidade obscena de coisas
O que eu li: Não muitos livros, sendo honesta. Rolou uma mistura de volta de férias com eu demorar para achar minha vibe, um certo reading slump, não sei, foi um mês esquisito. Ainda assim, eu terminei Okay Days, que gostei muito e até já escrevi sobre. Logo em seguida eu comecei Peitos e Ovos, que chegou até a sair no diário de leitura, mas abandonei. Não porque o livro não seja bom, mas não era o que eu queria ler naquele momento, sei lá. Eu penso em voltar alguma hora.
Para ver se a coisa pegava, eu então comecei um thriller meio gótico e funcionou! Eu engoli o Nona Casa, um mistério dark academia que se passa em Yale. Gostei tanto que já deixei o segundo, Para o Inferno, engatilhado no kindle, uma coisa que eu nem lembro quando foi a última vez que fiz.
Por fim, porque eu tava meio enjoada de livro grande e queria aquela sensação de terminar algo em poucos dias li O Homem Sentimental, do Javier Marías, de quem eu já tinha lido Os Enamoramentos e gostado muito. Gostei desse também, é uma reflexão curta de um cantor de Ópera sobre se envolver com uma mulher casada, bem meus temas, bem meu estilo, vou colocar mais coisas do Javier Marías na lista.
Pela internet, por outro lado, eu li bastante e algumas coisas muito boas. Achei divertida essa matéria do New York Times sobre filmes-catástrofe e gritei SIM, É ISSO para essa newsletter a respeito do recente fetiche das pessoas com serem losers (risos) que a Clarissa Wolff me mandou num comentário.
E em uma vibe bem mais séria, achei interessante o perfil de um dos líderes do Hamas que foi publicado na New Yorker com o título Notes from the Underground , que é apropriado em vários sentidos.
O que eu vi: amigos, agosto durou para sempre e em cinco semanas eu consigo ver muito filme, muito mesmo. Então vamos ser organizados e começar pelo que eu vi no cinema:
Comecei o mês com Deadpool e Wolverine, que me divertiu, mas eu gostava mais quando Deadpool era mais despretensioso e uma sobra da Marvel em vez de o carro-chefe deles. Então frequentei um festival de filmes antigos que rolou no Cinesesc e assisti O Pântano, da Lucrécia Martel, que eu nunca tinha visto e achei o auge da estética e do delírio que foi a Argentina nos anos 90; e Cléo das 5 às 7 que eu já tinha visto várias vezes, mas nunca no cinema e é o filme mais adorável de toda a Nouvelle Vague. Daí assisti dois grandes exemplares de “é de sentir, não é de entender": O Mal Não Existe, que gostei bastante, e Tipos de Gentileza, sobre o qual escrevi aqui.
Em casa assisti: Longe Desse Insensato Mundo, uma adaptação de Thomas Hardy feita pelo Thomas Vintenberg que achei eficiente, bonita, chique, gostei, mas não é o que eu amo no Vintenberg (no Disney+); Lírios D’Água, da Céline Sciamma, a grande gênia do cinema lésbico e amei demais, acho que capta perfeitamente as fronteiras entre desejo e auto-construção na adolescência (eu assisti no Criterion Chanel via VPN, aqui não tá em lugar nenhum, mas torrent tá aí, etc); Taxi Driver, um grande nunca a masculinidade tóxica foi tão cool, vocês não precisam que eu recomende esse (no Max); Laurel Canyon, da Lisa Cholodenko, que tinha tudo pra eu gostar, mas também tem um roteiro muito mal-ajambrado (no Prime Video); E aí no fim do mês rolou por acaso uma breve sessão Nicole Holofcener na minha vida e vi Amigas Curtindo Adoidado, o filme com o título mais nada a ver possíveo e que na verdade é um proto Frances Ha, uma história muito inteligente e bonita sobre como amizades femininas tropeçam nos marcadores tradicionais da vida adulta e (como bem definiu uma artista do Letterboxd) sobre estar obcecada com um cara que você nem acha gato (no Belas Artes à la Carte); e Verdades Dolorosas, que amei a premissa, mas achei a protagonista mal construída demais para sustentar a história (no Max)
Daí, se você achava que porque eu vi tanto filme eu não vi séries, você está errado (sim, eu sei que isso não é saudável, me deixem): quero começar dizendo que se você não está vendo Industry, que voltou no inicinho de agosto, você está errado. É, e falo isso com toda tranquilidade do mundo, a melhor série passando na televisão atualmente. Ela é centrada em um grupo de jovens trabalhando no mercado financeiro de Londres, eu 90% do tempo não entendo o que as ações tem que fazer, mas não importa porque no fundo é uma análise de classe, raça, dinâmicas de poder e só gente jovem se relacionando e fazendo bastante sexo. As duas primeiras temporadas foram boas, mas essa terceira está impecável. No Max.
E porque um pouco de salada, um pouco de droga eu engoli os cinco primeiros episódios da 4ª temporada de Emily Em Paris que voltou pior que nunca, nada faz sentido, entretenimento 10/10. Quem também entregou entretenimento foi a terceira temporada de Bridgerton. Eu confesso que achei a segunda chata, por isso enrolei até agora para ver essa, mas entregou: eu torci pelo casal, a Penelope é uma personagem ótima e o conflito é real, adorei. E ufa, podemos seguir em frente.
O que eu ouvi: O disco da Gracie Abrams, que eu não sei de onde veio, para onde vai, mas fez uma música com a Taylor Swift e isso foi suficiente para eu checar. Achei delicinha, música de menina triste, mas não tão triste, uma Phoebe Bridgers que toma antidepressivos
O absoluto oposto da música de menina triste é o novo da Sabrina Carpenter, que é uma delícia! Eu amo o humor dela e como ela trouxe sexualidade de volta pra música pop, desejo todo tipo de boy lixo pra minha nova melhor amiga
E porque eu sou millenial e o pior homem que você conhece, eu embarquei de cabeça no surto da volta do Oasis e revisitei o Definetly Maybe que, amigos, é um disco perfeito??? Rock and Roll Star ser a primeira música do primeiro álbum dos caras é uma sacada boa demais, estarei demais na pista premium se eles vierem (e sim, eu considerei até o último minuto comprar ingressos pra Londres e ver como faço depois)
Por fim, porque eu sou culta, eu adorei esse podcast do London Review of Books analisando a obra da Agatha Christie
É isso, as recomendações desse mês vieram especialmente recheadas. Se você quiser receber essa lista todo fim de mês, assine a versão paga dessa newsletter e para acompanhar mais em tempo real, mas também de forma mais caótica, o que eu ando lendo, vendo e ouvindo, me siga no Instagram
Essa edição tá tudo de bom, isa, em especial o um pouco de droga (feliz que alguém compartilha minha opinião sobre a 2 temporada de bridgerton). Tá de parabéns pela newsletter e pelo aniversário 👏🎈
Feliz aniversário Isa! É um presente ler seus escritos por aqui! Eu gostei tanto de um texto seu sobre o complexo de portnoy (que não li ainda) e uma tentativa feminina de fazer algo parecido (e que não deu muito certo a seu ver) que me inspirou a tentar escrever algo também, acredita? Se um dia eu tiver coragem de terminar, espero ter uma leitora crítica como vc! Obrigada por se dispor a compartilhar tanto conosco e parabéns, parabéns, parabéns! Que o novo ciclo seja repleto de novas/velhas obsessões e tudo que fizer seu coração pulsar <3