18 Comentários
ago 26Gostado por Isadora Sinay

Eu (GenX) tenho essa piada de que o jovem acha que inventou tudo, incluindo sofrer. Pro bem e pro mal. Por ter ideias "ah! já sei!" pra (anos?) depois descobrir que já tinham feito isso. Ou também para dizer "hoje em dia a gente faz isso aqui errado" enquanto todas as outras gerações agiam do mesmo jeito.

Mas eu também tenho outra piada, a de que eu sou o millennial mais velho do mundo, por sofrer com essa quebra da escada que você falou, por não querer me submeter às regras das gerações anteriores (incluindo as da minha geração).

A gente fica insatisfeito, quebra o sofá, fica desesperado que não tem onde sentar, pesquisa sobre novos sofás, junta um dinheiro, passa o tempo e aí descobrimos que o novo sofá tem muito do sofá antigo, porque foi entendendo do que mais importante do que ser bonito no Pinterest ele tem que ter um tecido que não estraga quando você derrubar água ou seu gato subir em cima. (ok, maltratei a analogia do sofá, desculpe)

Tudo isso pra dizer, obrigado pelo texto, que bom ver que a internet voltou a ser um lugar assim.

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Hahahaha, eu acho que a analogia do sofá não é ruim, mas da a impressão que a gente quebra as coisas pra no fim só descobrir que o que tinha antes era bom e eu acho que as formas de relacionamento que já existem são péssimas, não importa quanto sofrimento ficar perdido cause.

Mas também acho que tudo bem, vida é isso aí, se entender com as formas estabelecidas é isso aí, sempre meio acidentado

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ago 27·editado ago 27Gostado por Isadora Sinay

Delícia de texto, vontade de rever girls, vontade de rever esse sentimento universal de deriva adolescente (agora que sou adulta e não compreendo a juventude da minha enteada). A Redoma de Vidro também me contextualizou em mim, mas me adoeceu fisicamente, ora, que livro brilhante e poderoso, né? .

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Eu trabalho com adolescentes e todo dia meu pensamento é "mddc que delícia, mas que horror" igualzinha a médica do primeiro episódio de Girls

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ago 26Gostado por Isadora Sinay

gostei demais desse texto. quando terminei de ler normal people fiquei pensando que “jamais queria me enfiar numa situação assim” - sendo que eu já estava enfiada numa situação assim, só não tinha percebido (quem nunca???). no fim, acho que gostamos de ler sobre nós mesmos até naqueles momentos em que sequer percebemos que estamos lendo sobre nós mesmos, rs…

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Hahahaha, eu acho que é o melhor jeito de ler sobre você mesmo? Quando o texto te devolve as coisas que você não gosta em você, ou que nem se tocou que estavam li. O texto como um espelho que ilumina, mais do que reflete tudo que a gente já acha que sabe

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"o texto como um espelho que ilumina, mais do que reflete tudo que a gente já acha que sabe" aqui vc foi LUZ!!!

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ago 9Gostado por Isadora Sinay

olá! amei o texto, vou refletir sobre por um bom tempo...

você se recorda o nome do episódio do podcast do New York Times Review of Books que citou?

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Oi! Putz, não, até porque não era o tema do episódio, era só parte do final em que todos os críticos falavam do que estavam lendo. Mas se te ajuda foi um podcast do início de 2019, com certeza.

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gostei muito do texto, Isa! em especial da frase "Era porque nós estávamos falhando em inventar algo novo." que me pareceu definir bem a angústia millenial. um dos incômodos que eu tive com o último livro da Sally Rooney (Belo Mundo...) foi exatamente não abraçar essa angústia no final, optando pelo casamento tradicional ou pela relação sem rótulo que mais parece um namoro como desfecho possível.

não terminei de ver Girls (um dia pretendo), mas gosto muito desta resenha do Ross Douthat, no NYT. talvez você curta: https://www.nytimes.com/2017/04/19/opinion/a-requiem-for-girls.html

abs.!

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Eu tenho essa mesma questão com o final do Belo Mundo, não só pelas coisas que acontecem, mas porque elas não parecem uma evolução natural apara as personagens.

Eu já li esse texto! Gosto bastante também

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ago 9·editado ago 9Gostado por Isadora Sinay

Adorei, isa. Ri muito desse negócio de identificação porque lembrei de uma discussão sobre kafka prepara o jantar, da lydia davis, em que alguém falou "ah mas que saco desse drama de homem" e eu tava tipo: mas sou eu. eu sou o kafka preparando um jantar (em outras palavras, me identifiquei com o seu texto). Fiquei curiosa sobre quais sally rooney genéricos você acha que foram bem sucedidos e porque.

PS: acabou de sair uma entrevista na newsletter da ayine, achei sincronico: Paolo Giordano: «Nós, Millennials, somos anfíbios» (não consegui link)

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Hahahahaha, Kafka preparando o jantar é uma frase maravilhosa em si.

Os meus preferidos desse gênero (risos) foram Okay Days e Exciting Times (esse eu vi que ia sair aqui? Mas já não lembro mais por qual editora), mas vou pensar em alguma lista ou coisa assim

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Que lindo texto...

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Obrigada!

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Que texto boooom!!!

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Eu não sei porque está demorando tanto pra ficha de vocês caírem. Houveram duas gerações anteriores plenamente documentadas. Chegou a internet com acesso a tudo. O Belchior avisou e tudo mais. JÁ TEM OUTRA GERAÇÃO NOVA ADULTA GENTE

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Que bom que você é mais perceptivo que todos nós, nem todo mundo tem essa sorte.

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