10 Comentários

Isadora, entendo muito a sua relação com a Valeria - e da muita raiva dela mesmo. Mas eu acho que a força da história estava justamente ali, na incapacidade de revelação dela. Ela vê e se recusa a enxergar. Essa recusa, para mim, era quase uma tentativa de não rolar uma dissociação cognitiva, de não querer entender tudo o que estava de errado com ela mesma. Para mim, esse era o grande drama e o grande conflito. A incapacidade de Valéria de enxergar não fala, para mim, da falência dela como mulher dos anos 1950, mas da falência da sociedade com ela. Ela rema, rema e morre na praia - e é doído demais. Ai, desculpa o textão, é que eu amei o livro 🙈

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Eu adorei Caderno Proibido. Tive raiva da Valéria em muitos momentos também. Ela é antagônica com relação a seus sentimentos. Ela quer mas não quer. Ela não dá o braço a torcer por ter se descoberto através da escrita, porque ela tem crenças muito enraizadas. Acho que a intenção de Alba era essa mesma, causar esse desconforto nos leitores. Mas super te entendo. Quando tenho raiva dos personagens, acho que não gostei do livro. Hehehe. Mas sentir algo profundo em relação a um personagem, como a raiva, significa que a autora mandou bem. ;)

Ah, eu também queria gritar quando o marido a chamava de "mamãe". Queria gritar por ela!

Um beijo! Chegue aqui agora e já adorei sua news

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Set 4, 2022·editado Set 4, 2022Gostado por Isadora Sinay

Isadora, o Caderno dá mesmo uma raiva a cada página. Acredito que este seja o propósito. Além disso, Mirella talvez seja o desejo, o verdadeiro proibido dessa história porque no fim a proibição da venda é mero pano de fundo para mim; todos trancados naquela casa seguindo o que manda o figurino é puro bloqueio de felicidade. Aí vem a força arrebatadora de Mirella e incomoda os reprimidos/conservadores. Ler isso, nos anos 1950, pode ter soado para as mulheres como: "que filha maravilhosa, quero ser ela". Considero feminista por isso, por ser a mulher da nova geração a que rompe com a proibição e vai viver. Tagarelei muito hahaha. Sorry. Beijos

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Eu estou lendo o Caderno Proibido e, estranhamente, estou gostando justamente por algumas das razões pelas quais você não gostou. Sinto como se estivesse lendo um diário achado, sem tentar analisar a autora, só entrando na sua massacrante rotina. E, ao invés de ler de uma só tacada, tenho tratado como uma leitura pontual, onde todo o dia, sem pressa, me reencontro com Valéria, um dia de cada vez. Talvez isso esteja fazendo a diferença na minha relação com a obra.

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Se a personagem se parecer com o robozinho de Ishiguro, é problema. Precisa falar mais nada!

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