Disse tudo! Simplesmente não dá os textos onde sai apenas relatos específicos do que aconteceu na vida, fico exatamente assim, tá, e daí? Ok escrever algo que aconteceu na sua vida, mas preciso de algo que aconteceu na minha tbem, e que esse texto exista entre nós, e não exista apenas para você emoldurar na parede virtual e colocar número 524ª newsletter antes do título, e depois reclamar que não te leem. Se não é pra escrever com gozo, só escrever pra ter número, nem escrevo.
Concordo com você, mas digo isso sussurrando porque quando publiquei uma nota dizendo que newsletter não era diário, ainda no ano passado, tomei cascudo de todo lado. Seria interessante pensar a newsletter como uma carta. Por que eu deveria respondê-la?
Eu até acho que ser ela pode ser o que o autor quiser, não vejo problema em usar só como lugar de desabafo. Mas nem toda ideia nossa encontra ressonância e para isso, você precisa pensar no outro.
Acho que é menos uma questão do que a newsletter pode ser e mais de que tipo de atenção o autor espera
Falar sobre a escrita como uma forma de conexão corrobora exatamente a minha necessidade (atual) - a de se conectar, ou a sensação de expressar um pensamento que me é urgente!! Por outro lado, não me vejo interessada em táticas de como dar um boost nas visualizações ou manter uma constância para chegar a um crescimento exponencial de seguidores... sei lá, me pego pensando, ainda é possível existir nas redes de uma maneira descompromissada com números e compromissada consigo mesmo?
Nesse note tem uma imagem do velhinho com seus 99 anos escrevendo num computador cuja fonte na tela devia estar em 50. Comentei lá que "disciplina com a prática apesar de todas as limitações, porque abandonar a prática seria deixar de ser."
Fiquei pensando nisso e soou o gongo do eterno retorno. O velhinho descobriu cedo qual era a dele e não recuou ante a nenhum pretexto.
Acabei de ler uma crônica da Clarice, “Conversa meio à sério com Tom Jobim”, achei muito conectada com esse texto. Ela diz para Tom Jobim que não tinha mais paciência para ficção, ele diz “mas aí vc está se negando, Clarice” ao que ela responde:
“Não, meus livros, felizmente para mim, não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos nos indivíduos.”
Ah, Isadora, seu ensaio é uma reverberação que ecoa fundo para quem respira escrita como eu — e imagino que para tantos outros também. Essa linha tênue entre o monólogo interior e o diálogo com o outro, esse eterno balanço entre a possessão das ideias e o desejo de compartilhá-las, é a sina de quem escreve.
Me interessa demais o que você disse sobre os “tadinhos do Notes”, essa urgência por reconhecimento imediato, por validação rápida, que muitas vezes atropela a verdadeira alquimia da escrita: o tempo, o ensaio, a inquietação que só se dissolve em palavras trabalhadas, lidas, sentidas.
Você já percebeu como, muitas vezes, a escrita pública é uma luta contra a solidão do texto? Contra aquele medo de falar para o vazio? Mas também, como um texto que não se preocupa em convidar o outro para entrar na conversa, vira só um grito preso, uma palavra solitária sem eco.
Gostei da forma sincera como você fala do seu compromisso com a escrita, não só pela audiência , que chegou devagarinho, merecida, mas pela necessidade visceral de colocar para fora o que te consome, mesmo sabendo que o retorno pode ser silencioso.
Me faz pensar: como você cultiva esse equilíbrio entre a urgência de escrever para se salvar e o cuidado de escrever para ser encontrada pelo outro? Tem alguma rotina, algum ritual que te ajuda a sustentar essa escrita tão intensa?
E para quem lê, o convite é claro, a escrita é essa jornada feita de assombrações e luzes, feita de tentativa e erro, que vale a pena ser trilhada mesmo quando o aplauso demora.
Obrigado por trazer essa reflexão tão crua e verdadeira, que nos lembra que escrever é sempre, acima de tudo, um ato de coragem e resistência.
Gostaria que mais gente entrasse nessa conversa contigo, quem sabe a gente não vira um coletivo de possessos pela palavra? hahahah
Na esteira dos textos que têm vida longa, eu preparei uma aula pro ensino médio no início desse ano sobre resenhas críticas de filmes de terror com base na sua review de As coisas que perdemos no fogo da Mariana Enriquez. Nunca te agradeci pelos insights pedagógicos que aquele texto me deu, então tô fazendo isso agora com algum atraso.
Essa semana uma amiga me perguntou se eu sempre quis ser escritora. Respondi para ela que sim, assim como todo mundo que teve um blog. Engraçado estar pensando sobre isso na mesma semana em que você está refletindo sobre sua trajetória de escrita na internet. Tenho chegado à conclusão de que a maior parte das pessoas que teve essa experiência continua produzindo porque percebeu que não dá para parar.
"O que eles querem é ser lido. E quando não são lidos, escrever não vale a pena."
Engraçado que eu sou justamente o contrário. Escrevo porque mentalmente, preciso. Mas deus-me-livre alguém me ler ou acordar com 300 likes num post. Credo, que delícia. Mas ia ficar apavorada. Sabe assim?
Enfim... topico pra eu levar pra minha terapia. lol
Amei o tema essa semana! Me identifiquei mto tb pq tive blogger-Wordpress-fotolog hahaha aí voltei pro blogger com conteúdo literário e estou exatamente agora pensando pq raio ainda tô na internet, se quero continuar, se não quero, se faço cursos de escrita pra melhorar (melhorar pra q?) se não faço… e continuo sem respostas (talvez eu deva escrever pra achá-las? Hahaha)
Disse tudo! Simplesmente não dá os textos onde sai apenas relatos específicos do que aconteceu na vida, fico exatamente assim, tá, e daí? Ok escrever algo que aconteceu na sua vida, mas preciso de algo que aconteceu na minha tbem, e que esse texto exista entre nós, e não exista apenas para você emoldurar na parede virtual e colocar número 524ª newsletter antes do título, e depois reclamar que não te leem. Se não é pra escrever com gozo, só escrever pra ter número, nem escrevo.
Amiga obrigada você é tudo ❤️
Concordo com você, mas digo isso sussurrando porque quando publiquei uma nota dizendo que newsletter não era diário, ainda no ano passado, tomei cascudo de todo lado. Seria interessante pensar a newsletter como uma carta. Por que eu deveria respondê-la?
Eu até acho que ser ela pode ser o que o autor quiser, não vejo problema em usar só como lugar de desabafo. Mas nem toda ideia nossa encontra ressonância e para isso, você precisa pensar no outro.
Acho que é menos uma questão do que a newsletter pode ser e mais de que tipo de atenção o autor espera
Eu escrevo porque quero que todo mundo (que se interessar) conheça a minha área.
Escrevo porque estou cansada de explicar o que faço para as pessoas, então eu apenas envio a news.
Escrevo porque tenho ideias de assuntos e não acho ocasião para introduzí-los em uma conversa.
Escrevo porque minha cabeça dói e escrever alivia. Alivia muito.
Não me considero escritora, apenas alguém que escreve uns textos. Escrevo sem grandes expectativas, mas com necessidade de colocar tudo para fora.
Acho que por já ter tido inúmeros blogs também, não tenho essa pressa toda. As coisas vãos acontecendo do jeito que tiver que acontecer. Sem pressão.
Pegar um caderno e falar palavras é fácil, agora se comunicar com os leitores e eles se sentirem tocados leva tempo e prática.
Falar sobre a escrita como uma forma de conexão corrobora exatamente a minha necessidade (atual) - a de se conectar, ou a sensação de expressar um pensamento que me é urgente!! Por outro lado, não me vejo interessada em táticas de como dar um boost nas visualizações ou manter uma constância para chegar a um crescimento exponencial de seguidores... sei lá, me pego pensando, ainda é possível existir nas redes de uma maneira descompromissada com números e compromissada consigo mesmo?
Ah, que texto perfeito... Veio recomendado por uma leitora perfeita também; obrigada demais por articular o que me é inarticulável <3
Dia desses a Marie Declercq soltou um note informando sobre um breve documentário sobre o Dalton Trevisan publicado no Youtube do Instituto Moreira Salles (https://substack.com/@naoprometonada/note/c-125457916).
Nesse note tem uma imagem do velhinho com seus 99 anos escrevendo num computador cuja fonte na tela devia estar em 50. Comentei lá que "disciplina com a prática apesar de todas as limitações, porque abandonar a prática seria deixar de ser."
Fiquei pensando nisso e soou o gongo do eterno retorno. O velhinho descobriu cedo qual era a dele e não recuou ante a nenhum pretexto.
Acabei de ler uma crônica da Clarice, “Conversa meio à sério com Tom Jobim”, achei muito conectada com esse texto. Ela diz para Tom Jobim que não tinha mais paciência para ficção, ele diz “mas aí vc está se negando, Clarice” ao que ela responde:
“Não, meus livros, felizmente para mim, não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos nos indivíduos.”
Ah, Isadora, seu ensaio é uma reverberação que ecoa fundo para quem respira escrita como eu — e imagino que para tantos outros também. Essa linha tênue entre o monólogo interior e o diálogo com o outro, esse eterno balanço entre a possessão das ideias e o desejo de compartilhá-las, é a sina de quem escreve.
Me interessa demais o que você disse sobre os “tadinhos do Notes”, essa urgência por reconhecimento imediato, por validação rápida, que muitas vezes atropela a verdadeira alquimia da escrita: o tempo, o ensaio, a inquietação que só se dissolve em palavras trabalhadas, lidas, sentidas.
Você já percebeu como, muitas vezes, a escrita pública é uma luta contra a solidão do texto? Contra aquele medo de falar para o vazio? Mas também, como um texto que não se preocupa em convidar o outro para entrar na conversa, vira só um grito preso, uma palavra solitária sem eco.
Gostei da forma sincera como você fala do seu compromisso com a escrita, não só pela audiência , que chegou devagarinho, merecida, mas pela necessidade visceral de colocar para fora o que te consome, mesmo sabendo que o retorno pode ser silencioso.
Me faz pensar: como você cultiva esse equilíbrio entre a urgência de escrever para se salvar e o cuidado de escrever para ser encontrada pelo outro? Tem alguma rotina, algum ritual que te ajuda a sustentar essa escrita tão intensa?
E para quem lê, o convite é claro, a escrita é essa jornada feita de assombrações e luzes, feita de tentativa e erro, que vale a pena ser trilhada mesmo quando o aplauso demora.
Obrigado por trazer essa reflexão tão crua e verdadeira, que nos lembra que escrever é sempre, acima de tudo, um ato de coragem e resistência.
Gostaria que mais gente entrasse nessa conversa contigo, quem sabe a gente não vira um coletivo de possessos pela palavra? hahahah
Na esteira dos textos que têm vida longa, eu preparei uma aula pro ensino médio no início desse ano sobre resenhas críticas de filmes de terror com base na sua review de As coisas que perdemos no fogo da Mariana Enriquez. Nunca te agradeci pelos insights pedagógicos que aquele texto me deu, então tô fazendo isso agora com algum atraso.
Essa semana uma amiga me perguntou se eu sempre quis ser escritora. Respondi para ela que sim, assim como todo mundo que teve um blog. Engraçado estar pensando sobre isso na mesma semana em que você está refletindo sobre sua trajetória de escrita na internet. Tenho chegado à conclusão de que a maior parte das pessoas que teve essa experiência continua produzindo porque percebeu que não dá para parar.
"O que eles querem é ser lido. E quando não são lidos, escrever não vale a pena."
Engraçado que eu sou justamente o contrário. Escrevo porque mentalmente, preciso. Mas deus-me-livre alguém me ler ou acordar com 300 likes num post. Credo, que delícia. Mas ia ficar apavorada. Sabe assim?
Enfim... topico pra eu levar pra minha terapia. lol
Amei o tema essa semana! Me identifiquei mto tb pq tive blogger-Wordpress-fotolog hahaha aí voltei pro blogger com conteúdo literário e estou exatamente agora pensando pq raio ainda tô na internet, se quero continuar, se não quero, se faço cursos de escrita pra melhorar (melhorar pra q?) se não faço… e continuo sem respostas (talvez eu deva escrever pra achá-las? Hahaha)
Se a pessoa só se motiva para escrever se tiver leitores, não sei se ela merece ser lida.